A inconformação com a cobertura jornalística, com perguntas e reportagens não é coisa dos dias de hoje. A novidade é o volume, a intensidade e o nível da agressividade aberta – e encorajada – que se tem.
Na época da ditadura, a censura, a reprovação e a perseguição fizeram a regra do cotidiano de jornalistas, repórteres e articulistas. Mas era um regime militar oficial dando as cartas. O que esperar?
Mesmo naqueles tempos, o autoritarismo foi vencido e, com todas as limitações, o jornalismo prevaleceu, ao final.
Inédito é a incitação de ódio contra a imprensa profissional em período de democracia vigente. Virou moda e sinônimo até de certa intelectualidade, dessas de redes sociais.
Não é questão de contestar, divergir, o que seria aceitável e razoável. É desqualificar, agredir, invalidar. É pior, é mais do que isso. Se fosse possível, seria eliminar mesmo.
Nesse combate, não se reivindica a verdade. O que se pretende é impor uma crença. Tudo em contrário está passível de ser banido e merece logo o carimbo de inimigo.
Por esse humor, só serve e vale aquela imprensa que diz o que se quer ouvir.
O desabafo recente do jornalista William Bonner, da TV Globo, retrata bem os tempos obscuros. Hoje, ele é aplaudido por quem há dois ou três anos lhe vaiava. E é agredido por quem há dois ou três anos batia palmas.
É o diagnóstico da patologia do extremismo que adoeceu o Brasil. Para um paciente com esse quadro, os fatos não interessam. Somente a versão.
A jornalista Flávia Lima sabiamente anotou na Folha: nessa guerra, a primeira e maior vítima é a informação.
Apesar de ser alvo, o jornalismo não está em guerra e não pode cair na tentação de fazer outra coisa que não seja jornalismo.
Heron Cid
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