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Ministério Público e CRM-PB estão investigando distribuição de remédios “contra Coronavírus” em São Mamede

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Ministério Público e CRM-PB estão investigando distribuição de remédios “contra Coronavírus” em São Mamede

O prefeito de São Mamede, no Sertão, Umberto Jefferson (DEM), usou as redes sociais para explicar melhor a disponibilização do “Kit Covid” no município. Ele alegou que apesar de os kits contarem com medicamentos como Cloroquina 150 mg, Azitromicina 500 mg, Ivermectina 6 g e Dipirona 500 mg, eles não serão disponibilizados para todos os pacientes. “O kit de São Mamede não é único. Ele é individualizado a partir de cada prescrição médica e de cada conduta terapêutica”, enfatizou.

A explicação do prefeito surge no mesmo momento em que o Conselho Regional de Medicina (CRM) anunciou uma investigação sobre o caso.  “Nós estamos apurando a informação e a forma como está sendo feita essa distribuição, já que para isso deveria ter uma consulta individualizada, uma avaliação real de cada caso. A prescrição pode ser realizada pelo médico, mas reconhecendo os riscos e os benefícios e o paciente precisa também assinar um termo de consentimento. Através do parecer/consulta, assinado pelo Conselho Federal de Medicina, esses são documentos importantíssimos e que devem constar no prontuário do paciente”, disse Bruno Leandro de Souza, conselheiro e membro da Comissão de Enfrentamento ao Coronavírus do CRM-PB.

Em declarações dadas após a polêmica, o prefeito Umberto Jefferson falou também das polêmicas em relação ao uso da Cloroquina e da Hidroxicloroquina.  “Existem duas correntes no Brasil que acabam gerando uma discussão sobre a utilização ou não da hidroxicloroquina. Quer dizer que a utilização dela, especificamente, dependerá da prescrição médica e da assinatura de um termo de consentimento do paciente. Até agora, os kits que foram distribuídos em São Mamede nenhum constava a hidroxicloroquina. Mas a gente não pode deixar de dar essa opção a aqueles que realmente venham precisar e estejam de acordo com a sua utilização”, disse.

As polêmicas sobre o uso da Cloroquina se tornam maiores quando se observa que não há pesquisas que comprovem a eficácia da droga para o combate ao novo Coronavírus. Um estudo feito pela Universidade de Albany, no estado de Nova York, e divulgada recentemente indicou não existir relação entre o uso da Cloroquina e da hidroxicloroquina e a redução da mortalidade pela doença. Foram analisados 1.438 pacientes infectados com coronavírus, em 25 hospitais de Nova York. E sabe o curioso? A pesquisa revelou que os usuários correram mais riscos de morte em decorrência de problemas cardíacos. Não há, sequer, um estudo publicado dizendo o contrário.

Atualmente, no mundo, apenas três governantes apostam todas as fichas na Cloroquina. São eles Donald Trump, nos Estados Unidos; Jair Bolsonaro, no Brasil, e Nicolaes Maduro, na Venezuela.

Nesta semana, em entrevista à Folha de São Paulo, o ex-ministro da Saúde, Henrique Mandetta, que é médico, comparou o efeito miraculoso da Cloroquina às fitinhas do Senhor do Bonfim. “Sabemos que, se não fizer absolutamente nada, se você tem 25 anos, é saudável e tiver a Covid, teria 99% de probabilidade de ter uma forma leve e sair bem. Se eu te tratar com a fita do Senhor do Bonfim e cloroquina, teria 99% de chance. Com camisa do Botafogo e cerveja preta, também. Se tiver com 68 anos, aí teria mais chance de complicar”, alertou.

Mas qual o problema na cesta “milagrosa” de medicamentos apoiada pelo presidente Bolsonaro? O problema é que não há base científica para sustentar a eficácia do medicamento, que pode matar, caso o paciente tenha histórico de problema cardíaco. Foi por não querer bancar o medicamento, junto com a hidroxicloroquina, que os ministros Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich caíram em desgraça no governo federal e deixaram a pasta.

No caso de São Mamede, Umberto Jefferson, que é médico, diz que tem usado os melhores protocolos para o atendimento dos pacientes na cidade. Apesar disso, em resolução, o Conselho Federal de Medicina condicionou o uso da Cloroquina e da Hidroxicloroquina ao uso de receita médica e “concordância do paciente”. É meio como fizer: “assuma os riscos que você está correndo por tomar um placebo”.

“Seguiremos os protocolos e a prescrição médica para tratamento domiciliar. Se Deus quiser logo em breve todos estarão recuperados”, afirmou o prefeito Umberto Jefferson. Os medicamentos serão concedidos conforme a prescrição médica, o médico avalia os sintomas e as vezes não espera o paciente testar positivo, já que o teste rápido positiva apenas no 8° dia dos sintoma.

MINISTÉRIO PÚBLICO

O Ministério Público da Paraíba também passou a monitorar a distribuição destes kits de medicamentos com cloroquina pela Prefeitura de São Mamede, após a repercussão do caso. O promotor de Justiça Uirassu de Melo Medeiros fiscaliza se a entrega segue um protocolo médico de atendimento aos casos para que não haja distribuição indiscriminada.

Um dos médicos que atua no município garantiu que a medicação só é administrada a pacientes que apresentam sintomas, mas que, por causa da demora do exame, ainda não tiveram confirmação e após exames.

Segundo ele, um dos médicos que atua no município garantiu que a medicação só é administrada a pacientes que apresentam sintomas, mas que, por causa da demora do exame, ainda não tiveram confirmação e após exames. O médico também garantiu que o “kit de medicamentos” não é padronizado e que, cada paciente teria seu tratamento individualizado e pelo SUS.

Uirassu Medeiros também avaliou posts publicados nas redes sociais pelo prefeito do Município, Humberto Jeferson, e que, neles, o gestor dizia que a medicação é para pacientes sintomáticos e prescrita por médicos, e não distribuída aleatoriamente, como se divulgou. O representante do MPPB afirmou que continuará acompanhando as medidas tomadas por São Mamede e por outros municípios da região de Patos, onde atua, relacionadas à saúde da população.

Imagem: Instagram

 

 

 

 

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