Experiência, título por uma camisa pesada e uma novidade nem tão agradável aos 42 anos de idade. Isso resume a carreira do atacante Beto Acosta, que encerrou no último domingo a sua passagem pelo futebol paraibano, mas de maneira bastante frustrada. Contratado para ser a referência do Sabugy na luta pelo acesso à elite do estado, o jogador atuou apenas em uma partida, a última rodada da fase de grupos, e agora, de saída, está alegando que não recebeu um real sequer pela sua contratação. O uruguaio, que está a caminho do futebol carioca, promete acionar na Justiça o clube e o gestor responsável pelo negócio que o levou até Santa Luzia, município que está a 273km de distância da capital João Pessoa.

Beto Acosta foi anunciado pelo Sabugy no fim do mês de agosto. Ele chegou como um dos reforços mais badalados do futebol paraibano para a disputa da 2ª divisão. O jogador foi apresentado no início de setembro, mas a regularização demorou mais que o esperado. O fato é que a liberação só aconteceu após a penúltima rodada da primeira fase da competição e, como o Gavião brigava apenas contra o rebaixamento, o uruguaio só poderia jogar um jogo com a camisa do clube, o que aconteceu no último domingo.

Com boa atuação do atacante uruguaio, que jogou no time titular e usou a faixa de capitão, o Sabugy venceu o Nacional de Pombal por 3 a 0 e escapou do descenso. Essa foi a única vitória da equipe no Grupo Agreste/Sertão, o suficiente para terminar a campanha na quarta colocação, com uma vitória, um empate e duas derrotas. Lembrando que o time ainda luta na Justiça por mais um resultado positivo, mas seria por WO, já que o confronto com o Femar, pela segunda rodada da chave, não aconteceu por falta de médico.

A questão é que Acosta acusa diretamente o diretor de futebol do Sabugy, Jefferson Sabino. O empresário, que fechou uma parceria com o clube paraibano para gerenciar o time profissional, foi o responsável pela contratação do atacante. E, de acordo com o uruguaio, o negócio com o Sabugy foi fechado no valor de R$ 15 mil, sendo que R$ 2 mil seriam pagos logo após ele ser registrado no Boletim Informativo Diário (BID) da CBF.

Contudo, segundo o atacante, ele não recebeu nada e agora cobra Sabino, a quem criticou com ferocidade, e o clube. Ele quer ser ressarcido pelas despesas, já que, de acordo com ele, arcou com tudo ao ir para a Paraíba. Acosta, inclusive, revelou que só entrou em campo no último domingo a pedido dos companheiros de equipe. Mas, antes, alfinetou o dirigente:

– Teve um cara aí que sacaneou nós: a mim e a todos os meus companheiros. Em 24 anos jogando bola, é a primeira vez que jogo de graça – disparou o atacante uruguaio.

– Quando acertei com o Sabugy, eu fechei com (Jefferson) Sabino. A gente fez um pacote de R$ 15 mil. Quando cheguei ao clube, ele falou que me adiantaria R$ 2 mil e depois passaria o resto. Mas ele me enganou. Na verdade, ele enganou todo mundo, pegou dinheiro dos garotos mais jovens com a garantia de que os profissionalizaria. E também não me pagou nada. Eu só entrei em campo porque os meninos pediram. Joguei por eles. Mas Sabino é um pilantra, um mentiroso. Enganou todo mundo e sumiu, ninguém mais acha ele – contou Acosta.

A difícil situação do Sabugy foi mostrada pelo GloboEsporte.com na semana passada. O cenário relatado pelos jogadores e o técnico Wemeson Carvalho é de que o diretor de futebol do clube, o empresário Jefferson Sabino, não cumpriu com os acordos prometidos ao elenco, que estava passando por dificuldades financeiras, ficando até sem alimentação durante alguns períodos do dia.

O dirigente, responsável pelo departamento de futebol profissional do clube, confirmou que a situação ficou difícil por não conseguir patrocínio para bancar os atletas, mas negou que tenha faltado alimentação e moradia.

Acosta discorda da versão de Sabino e disse que todos os profissionais contratados pelo Sabugy sofreram ao longo da disputa da Segundona do Paraibano.

– A situação foi tão complicada que ele (Jefferson Sabino) não pagou nem à tia que preparava o almoço para a gente. Um cara como esse não pode trabalhar com futebol. Ele acaba com o sonho de muita gente. Essa foi a pior situação que aconteceu na minha carreira. Só fiquei esse tempo aqui por conta dos meninos que sonham. Futebol não é brincadeira. O que Sabino fez com esses atletas não se faz. Todo mundo aqui está sabendo o que ele fez – afirmou o uruguaio.

Bastante incomodado com a situação, Beto Acosta disse que retornaria ao Uruguai. Porém, nessa segunda-feira, acertou com o Atlético Carioca, onde vai disputar a Série C do campeonato estadual. Mas, antes de deixar a Paraíba, garantiu que vai atrás dos seus direitos e que, se o acordo firmado em contrato não for cumprido, vai entrar na Justiça contra Jefferson Sabino e também contra o Sabugy.

– Se a situação não for resolvida, irei para a Justiça contra Sabino e também contra o Sabugy. Eu falei com Malaquias (presidente do clube) para que ele resolva essa situação. Ele tem a parcela de culpa por colocar um pilantra como Sabino para cuidar do clube – completou.

Vale ressaltar que o Sabugy pertence a Malaquias Filho, o presidente. Mas, como Jefferson Sabino fechou parceria no início do ano, assumiu o departamento de futebol profissional.

Sabino afirma que o contrato com Acosta foi apenas verbal

Em novo contato com a nossa reportagem, Jefferson Sabino, que havia dito que o acordo por Acosta havia sido menos de R$ 15 mil, voltou atrás e confirmou a versão do uruguaio e o acerto por esse valor. No entanto, o dirigente garantiu que o contrato com o jogador foi apenas verbal, não chegando a assinar no papel.

– O acordo firmado foi que ele receberia R$ 2 mil ao chegar. Dentro do prazo de 10 dias, eu passaria R$ 13 mil para ele. O problema foi que faltou patrocínio. Eu confiei em uma pessoa que disse que era investidor, mas que não cumpriu com a palavra, aí tudo sobrou para mim. De qualquer forma, aqui ele morou num apartamento que foi pago por mim, como também a alimentação, tudo arcado por mim. Além disso, não chegamos a assinar um contrato no papel, fizemos apenas um acordo verbal – respondeu Sabino.

Jefferson Sabino ainda criticou um profissional que, segundo ele, diz estar respondendo como empresário de Acosta. Sem revelar o nome, o dirigente garantiu que essa pessoa não possui nem a carteira de empresário e que, sendo assim, não pode atuar na função.

Com 42 anos e com uma enorme bagagem pelo futebol, a 16ª aventura de Acosta como atleta, definitivamente, não foi bem-sucedida. Agora, o jogador vai buscar os seus direitos, enquanto mantém a ambição no esporte profissional.

Globo Esporte PB

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Last Update: 19 de setembro de 2019

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