Uma pesquisa desenvolvida pela neurologista Isabella Araújo Mota, do Hospital Universitário Lauro Wanderley, vinculado a Universidade Federal da Paraíba, sobre doenças raras com foco em pacientes de São Mamede, no Sertão da Paraíba, constatou a incidência da Distrofia Muscular de Cinturas de uma pessoa para cada 330 na cidade que tem apenas 8 mil habitantes.

A pesquisa conquistou o 1° lugar na categoria “Moléstias Neuromusculares” da Convenção Nacional dos Departamentos Científicos da ABN (Academia Brasileira de Neurologia). Evento foi realizado nos dias 1° e 2° de agosto, em São Paulo.

O trabalho foi desenvolvido pela neurologista Isabella Araújo Mota, chefe do serviço de neurorreabilitação do Hospital Universitário Lauro Wanderley da Universidade Federal da Paraíba e contou com a participação de 14 profissionais.

Uma equipe do HULW, composta por médicos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, entre outros profissionais, visitou a cidade de São Mamede três vezes para realizar a coleta de dados, que confirmaram a incidência da doença na cidade e também a relação dos casamentos consanguíneos nos casos.

Pesquisa sobre Distrofia Muscular no Sertão da Paraíba

O estudo surgiu após um paciente do HULW, vindo de São Mamede, ter sido diagnosticado com uma doença genética, a Distrofia Muscular de Cinturas por deficiência de disferlina – uma proteína na membrana do músculo.

O paciente alegou que os sintomas são muitos comuns na região, o que motivou a médica a entrar em contato com a Secretária de Saúde da cidade, e a partir da confirmação do quadro, iniciar o estudo.

De acordo com Isabella, a doença é rara. A pesquisa mostra que a doença que ocorre em menos de 1 para cada 1 milhão de pessoas no mundo, ocorre de 1 para cada 330 pessoas em São Mamede (com um total de 8 mil moradores), provavelmente devido aos casamentos consanguíneos, comuns na área. Dos 104 pacientes, 26% casamento consanguíneo.

Os sintomas da doença costumam aparecer na adolescência e são fadiga, dificuldade de andar, fraqueza nos membros superiores e inferiores. Não existe uma cura, mas há o tratamento, uma fisioterapia adequada para reabilitar o paciente.

Sobre o estudo, Isabella, formada em Medicina na Universidade Federal da Paraíba e mestre em Inovação terapêutica pela Universidade Federal de Pernambuco ressalta o seu valor para a sociedade:

“A importância do estudo extrapola inclusive a ciência, na medida que a gente passa a conhecer nossa população, tendo essa compreensão de quem somos e por que somos, a gente responde perguntas. Perguntas que várias famílias se interrogavam, achavam que era até maldição”.

A médica também destaca a relevância da pesquisa pública. “A Paraíba é um campo super aberto (para pesquisa) e isso tem que ser estimulado mesmo, fiz faculdade na UFPB vi como era difícil. Mas a gente precisa mostrar pro mundo que somos capaz de fazer pesquisa de qualidade”.

G1 PB

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Last Update: 16 de agosto de 2019

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